domingo, abril 18

Baseado num Texto que tenho andado a escrever

Foi uma aula como todas as outras. Chorei, chorei e chorei. Mas foi uma aula como todas as outras.
Tremi, fechei os punhos com toda a a minha força até deixar os nós dos dedos brancos e a latejarem de dor.
Não me importei.
Encostei a cabeça à parede e fiz o que a professora me pediu. Senti-me deslocada. Senti o peso do mundo nos meus ombros mas, não me importei. Doeu.
Foi facada atrás de facada. O silêncio que me rodeou era como um anticoagulante e não permitia que o meu sangue parasse de escorrer. Doeu. Muito.
Senti-me estilhaçar e não havia ninguém para pegar nos meus pedaços. Ouvi um grito ao longe. Um Odeio-te demasiado forte...Um ódio demasiado intimidador. Doeu.
Senti-me ofegante e com falta de ar embora não tivesse saído do mesmo sítio.
Facada. Facada. Lágrima. Lágrima. Os ombros tremeram, perdi a força nas pernas e só o facto de estar encostada à parede me apoiou. Cantei baixinho. Parecia tudo demasiado errado. Ouvi uma música imaginária e senti as notas percorrerem todo o meu ser.
Assustei-me. Uma mão tocou-me no ombro e acalmei ligeiramente. Quis chorar outra vez. Uma mão amiga, era novo.
O exercício acabou, deixei-me cair e sentei-me no chão sem saber o que fazer. Paralisei. Doía-me a garganta de chorar. Tossi ligeiramente para encontrar a minha voz. Não encontrei. Agarrei-me às pernas e solucei. Doía tanto...
A aula continuou. Eu fingi e não quis saber de nada. A aula acabou. Ninguém reparou naquele meu momento.
Saí da sala, suspirei e sorri. Sabendo que aquela mão amiga tinha sido uma vez sem exemplo

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