Estavam os dois sentados no chão, encostados a um dos armários.
Ela nos braços dele.
Estranhamente, aquele sítio que mais ninguém parecia conhecer, aquela sala abandonada, tornara-se o único lugar em que ambos podiam estar sem terem medo.
- Em que é que estás a pensar? – E o rapaz sentiu um pequeno formigueiro na barriga ao ouvir a voz dela, silenciosa até agora. E não sabia se devia responder.
- Em nada. – Portanto, mentiu e sorriu-lhe. Mas depois lembrou-se de lhe ter prometido não lhe mentir. - Em alguma coisa.
A rapariga sorriu ligeiramente e chegou-se mais perto dele. Olhou para ele e esticou-se para lhe dar um beijo na face. Algo que o deixou a sorrir mas também envergonhado.
- Sabes, ontem à noite agarrei-me a uma almofada e falei com ela. Mas falar mesmo. Pensei que estava maluco. – Ela limitou-se a olhar em frente, mantendo os olhos longe do alcance dos dele. – Eu perguntei-lhe “Não te podes transformar nela, pois não?”, e passado um bocado voltei a falar “Pois, bem me parecia que não podias.” – O rapaz engoliu em seco e sentiu-se ligeiramente triste pelo facto de saber que a rapariga nunca seria totalmente dele. – E depois, disse-lhe “Sabes, se fosses ela, eu abraçar-te-ia de maneira a ter-te o mais perto possível. Porque o toque dela é surpreendente. Ainda me deixa com borboletas e nervoso. Com medo de tropeçar nos meus próprios pés ou nas minhas palavras” – Ela continuou sem responder e ele suspirou e cruzou as mãos, tentando arranjar algo que o distraísse de tudo aquilo que ia na sua mente e de certeza que na dela também.
- Ainda tenho saudades tuas. Mesmo ao estares comigo. Tenho saudades tuas. E não sei se é normal. – O rapaz beijou a cabeça da rapariga e suspirou de novo. Encostou a sua cabeça à dela e fechou os olhos.
Ele queria ficar assim. Queria ficar perto dela. Sentir-se seguro, sentir-se feliz, sentir-se quase invencível.
Então, ficou ali até ser obrigado a ir-se embora. E quando o fez, muito contrariado, deixou-a sentada no mesmo sítio, completamente paralisada. Baixou-se para a beijar e a única coisa que lhe ocorreu ao ver a mágoa presente nos olhos dela como em tudo aquilo que a rodeava foi:
- Quando chegar a altura, não fujas. Simplesmente, beija-me devagar… - Ela sorriu minimamente mas, mesmo isso, lhe sabia a pouco e o fazia querer fugir. – Deixa-me uma última memória.
6 comentários:
Obrigada linda, gostei muito. Como assim razoável?
Ah, já percebi. Eu disse aquilo com o intuito de mostrar aos outros que nem sempre temos alguém que está sempre ao nosso lado, aconteça o que acontecer. E que às vezes estamos sozinhos quando nos parece estarmos rodeados de "bons amigos". Foi o que aconteceu comigo basicamente.
Pois :|
não tens pq não queres. obrigada.
Oh, que fofa :) Já enviei o convite, agora é só ires ao mail e aceitar *
Hey, decidi fazer um facebook para O meu reino da noite, por isso não te acanhes e bota um like!
Beijinhos *
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