terça-feira, setembro 21

Dá Demasiado Trabalho Não Te Amar

Ela estava sentada ao lado dele, aparentava estar a olhar para a televisão mas, ele percebeu a realidade e abanou a cabeça:
- O que é que eu estou a fazer de errado? - O rapaz olhou para o chão com um olhar desolado. Ela questionou-o com o olhar. - Sim. O que raios é que eu estou a fazer de errado?
- Porque é que haverias de estar a fazer algo de errado D.?
- Diz-me tu... Porque é que apesar de eu estar lá, de te dar de mim tudo o que posso, tu continuas assim? - A rapariga começou a ficar preocupada e deu-lhe toda a atenção, antes virada para os seus próprios botões.
- Assim como D.? - Ele riu-se sem vontade antes de lhe responder.
- És tal e qual a música da maluca da Katy Perry pah... Tanto és fria como quente, tanto dizes sim como não e és demasiado confusa a maior parte das vezes... Tanto me dás atenção como finges que dás, tanto estás comigo no momento como só o teu corpo está lá; Tanto queres uma coisa como dois dias depois parece que nunca quiseste... Deixas-me maluco! E eu nem percebo como é que aguento isto... - Ele levou as mãos à cara.
- Nem percebes?
- Não! Não percebo! És tudo o que quero e às vezes até mostras que, "Hey, também gosto bastante dele", mas de resto? - O rapaz abanou a cabeça de novo e a rapariga baixou o olhar. - Tu sabes o quanto me preocupo contigo e respondes-me que sentes o mesmo mas, a maior parte das vezes nem parece que sentes. E podes crucificar-me por nem sempre acreditar? - Ela disse que não com a cabeça e ele continuou - Por muito que me custe, eu faço tudo para acreditar. Eu brinco às escondidas com os meus sentimentos. Escondo-me da dor, desilusão e tudo o resto. Escondo-me da tristeza quando sei que precisas de mim. Mas de que vale a pena se tu...desapareces.
- Tu não me podes pedir que mude assim do nada, não me podes pedir que me abra para ti quando apenas o fiz a um número mínimo de pessoas.
- Eu não te pedi para mudares! Eu aceito-te como és, não me importo de levar com as tuas coisas, não me importo de ser tipo um caracol que leva a casa de outra pessoa às costas! Custa mas vale a pena porque são coisas que têm a ver contigo e essas coisas interessam-me. Não te pedi nada...
- E depois sou eu que sou confusa? Já não estou a perceber nada D. - Ela olhou para ele e deu-lhe a mão.
- É como me dares a mão. Porque é que o fizeste? Porque te sentes na obrigação sabe-se lá porquê, ou porque te apeteceu mesmo? Ainda mais, se te apeteceu mesmo, será que daqui a dois dias ainda te vai apetecer? Quase nunca consigo perceber se estou a fazer o certo ou o errado, se digo o que devo ou não, se estou a fazer alguma coisa que te magoa e tu não dizes.
Ela continuou em silêncio e olhou de novo para a televisão, ainda com a mão dele na dela.
- Dá trabalho...gostar de ti. Magoo-me, volto a tentar, tenho problemas e mal vejo que também tens, esqueço-me dos meus. 
- Então deixa de gostar D. Eu disse-te que te ia magoar, disse que era complicada. Avisei-te. Não acreditaste. Se acreditaste, não ligaste nenhuma. Deixa de gostar....
- Não posso. Dá trabalho...gostar de ti. Mas dá muito mais trabalho não...te amar...

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