quarta-feira, setembro 21

Torres Gémeas Equal Pessoas

- As pessoas são como as Torres Gémeas. - O rapaz soou seco, aborrecido e no entanto sincero. Ela olhou-o de cima a baixo.
- A sério? Estás a comparar um desastre internacional com pessoas? Mesmo a sério D.? - Ele encolheu os ombros.
- Porque não? Quer dizer, as Torres eram gémeas mas caíram como caem as pessoas. - Passaram por eles dois miúdos a correr, despreocupados, felizes e o rapaz não conseguiu não cerrar o maxilar e olhar em frente durante alguns segundos.
- Acho que não podes comparar isso. - A rapariga deixou passar o incómodo mostrado pelo amigo e continuou a caminhar ao lado dele.
- Não, a sério. Ouve os meus motivos. - Ela calou-se bem calada e deixou-o continuar. - As Torres Gémeas são como as pessoas porque outrora tão perto e agora tão longe. No entanto, fica sempre aquela memória do que houve e deixou de haver. Pensa comigo: as pessoas formam laços que podem ser quebrados; E são quebrados porquê? - Ele sentou-se no banco pelo qual estavam a passar e a rapariga imitou-o. - Porque acontece alguma coisa que danifica esses laços, como atentado. Vês onde quero chegar?
- Vejo. E continuo a dizer que não podes comparar pessoas com um desastre internacional. - O rapaz suspirou aborrecido por Ela não lhe dar razão e a rapariga lançou-lhe um sorriso fraco - Vá lá totó. Continua. Agora acaba o que começaste. - Ele sorriu.
- Então, o atentado às torres demorou segundos para umas pessoas, enquanto que para outras demorou horas, meses. Existe quem ainda pense que está a passar por isso. Com as pessoas, acontece o mesmo. Há quem ultrapasse a ruptura dos laços em meses e há quem demore a vida toda a esquecer-se. - A rapariga abanou a cabeça e suspirou.
- De onde é que vais buscar essas comparações D.? - Ele voltou a encolher os ombros.
- Da noite. Do espaço vazio. - Ela olhou para Ele e encolheu também Ela os ombros.
- Parece-me uma comparação minimamente razoável.

sábado, setembro 17

Cobardia

- És um Cobarde.
- Eu sei. - Ele olhou para Ela e deixou-se ficar ali. De pé, de mãos nos bolsos, aborrecido com tudo e com todos.
- Não ouves as músicas que te lembram alguma coisa, não vens ao computador para não teres de ler coisas que doem, dizes que não tens sms's só porque tens medo de falar, páras à porta e não tocas à campainha, dizes que sim quando é não, finges que está tudo bem quando só queres gritar e mandar tudo para o alho. - A rapariga parecia para além de frustrada, extremamente farta daquilo. - És um cobarde. E eu vou desistir de te tentar ajudar, se tu não queres ser ajudado!
- Eu sei. Sei isso tudo. - O rapaz limitou-se a falar monotonamente e a acenar que sim com a cabeça enquanto Ela suspirou.
- Se sabes, porque é que não fazes para mudar? Se sabes, porque é que insistes em ver na tua cabeça imagens deles quando sabes que isso te deixa enjoado? Se sabes, porque é que não fazes o mesmo? Pára D. Simplesmente, pára!
- Se eu não sei como querer ser ajudado, como queres que o faça?
- Desde o início que sabias qual ia ser o resultado. E não és nenhuma criança. Se gostas de ser tratado como adulto, age como tal. E volto a dizer que vou desistir. - O grupo de pessoas que os rodeavam afastou-se um pouco.
- Óptimo. Junta-te ao clube. Só mais uma pessoa.
- Olha, desaparece-me da frente. Não é de ti que vou desistir, mas te garanto que vou desistir de te ajudar nisto se tu ages que nem um idiota. Pára com isso. Agora, imediatamente, já. Parou. Já chega.
E Ele virou costas.

(Verídico)

quarta-feira, setembro 14

Não Sei

Não sei como fazes o que fazes.
Não sei como consegues.
Eu dormi com ela ao meu lado e por momentos senti-me mal.
Senti-me enjoada.
Senti que te estava a trair.
Por muito idiota que pareça - foi o que senti.
E foi horrível.
Não sei como consegues fazer o que fazes.

terça-feira, setembro 13

Ele e Ela

Que piada seca. A sério.
Extremamente seca.
É tudo uma brincadeira?
Uau, boa, demoraram dois anos a descobrir.
Eles não se respeitam?
Yap, acho que isso toda a gente percebe.
Ele não se sabe comportar de acordo com a idade dele?
Ahah, boa! Como família, vocês já deviam ter visto isso à mais tempo, parece-me a mim que sou a única que sei observar.
E é por esse motivo que acho isto tudo uma piada!
Seca, pelo facto de eu ser a mais nova e no entanto a que mais repara que tudo o que vocês gostavam que eles tivessem, eu tinha.
Vão passear. Seus hipócritas.

segunda-feira, setembro 12

Esperança

Esperança?
A esperança é apenas uma estranha que se pergunta como é que chegou tudo a este ponto.

sexta-feira, setembro 9

Fogo.

Quente. Imparável. Tentador. Sedutor.
Sim.
Um toque, um abraço, era tudo isso.
Mesmo no pior momento, mesmo na ausência nas férias, fins-de-semana, feriados.
Estava sempre lá.
Uma chama.
A aquecer tudo e todos os que passeavam pela minha cabeça.
Algo a ser querido, amado.
Ontem, mesmo com todos os abraços dados, reparei que nenhum deles se compara sequer.
Não são teus.
São apenas um isqueiro.

quarta-feira, setembro 7

Nenhuma de vocês sabe.

Tu não sabes.
Não sabes que tudo não passa de fingimento.
Não sabes que me sinto desintegrar aos poucos.
Não sabes sequer metade dos meus medos e tentativas para vos proteger.

Não sabes que estou a arriscar todo o pouco que voltei a conquistar.
Não sabes que sorriu enquanto choro.
Não sabes que dava tudo para um toque, um cheiro, algo real.

Não sabes que não quero saber e que estou-me bem nas tintas.
Não sabes que por muito que tente, não consigo perdoar.
Não sabes que todos os dias estou zangada.

terça-feira, setembro 6

The Hunger Games

Corre. Foge.
Inspira, expira, cansa-te e volta a fugir.
Cai, levanta-te, corre.
Chora, grita, volta a cair.
Agarra o peito, sufoca e cospe.
Cospe as palavras. Cospe o medo.
No final, levanta-te e volta a correr.
Não tens saída. E sabes isso.

Este livro está excelente!

sábado, setembro 3

Segundos

São segundos.
São pequenos segundos impossíveis de existir que me levam a continuar.
São aqueles pequenos segundos ao acordar. Aqueles pequenos segundos brancos, impassíveis.
Segundos em que tudo desaparece.
Passado. Presente. Futuro. 
Tudo desaparece.


Só a perspectiva de ser alguém fica.
E, nesses pequenos segundos ao acordar, ainda com os olhos fechados, sinto-me normal.
Feliz.

sexta-feira, setembro 2

Outro.

E foi noite de estreia.
Normalmente sonhar contigo significava sorrir.
Agora significa acordar uma e outra vez a tremer e a desejar nunca ter visto o que vi.

Comprimidos estúpidos.