- Porque é que não consegues esquecer isso? Porque é que te prendes àquilo que já acabou e que sempre soubeste que nunca ia dar? – A rapariga queria gritar com ele mas não conseguia. Não ao vê-lo assim. Escondido entre as mãos, encolhido de dor.
- Não sei. – Ele continuou escondido entre as mãos e soluçou.
- Porque é que não dás o teu coração a outra pessoa? Porque é que não mo dás a mim e a todos nós. Somos teus amigos, não o vamos partir… - O rapaz soluçou de novo e a rapariga sentou-se ao lado dele.
- Não é meu para dar. Acho que nunca foi.
- Ai, D. Acorda! Sai desse estado sonâmbulo! Sai daí! Eu quero ver-te! Todos querem! Tu estás tão diferente! Não tinhas medo disto! Não tinhas medo de estar connosco! – Ela tocou-lhe na cara e o rapaz retraiu-se.
- Tu não percebes. Não consegues perceber. Eu estou partido. Danificado. Dorido. Quero desaparecer, apagar isto tudo, voltar ao início. Quero ultrapassar… Mas não consigo. Não consigo J! - Um estalo. A rapariga não se controlou e bateu-lhe, o que o levou a olhar para ela desolado, com olhos de louco.
- Tu dizes que queres mudar e nunca mudas. Pára de ter pena de ti mesmo. Pára. Assim não vais conseguir de certeza! Tu tens tanto medo D! Tanto! Não é por acontecer uma vez que vai acontecer outra vez! Se não tentares, não consegues! Pára! Por favor, pára! – O rapaz olhou para ela e não soube o que dizer. Queria gritar com ela e pedir-lhe que se calasse. Queria pedir-lhe que o deixasse em paz, que acreditasse nele quando lhe dizia que não conseguia.
- Ninguém. Eu sou ninguém. Por enquanto, não acho que consiga fazer o que quer que seja. Sou como um gelado deixado para trás. Aos poucos e poucos vai derretendo. Ou então, simplesmente caiu.
- E que raio de comparação é essa?! Não comeces com as tuas coisas! Vê se percebes, muda isto! Não sentiste o que quis dizer pelo estalo?! – Ele limitou-se a olhar para o chão e a suspirar.
- Se isto passasse por me bateres, já tinha passado há muito tempo com o que já me fiz e com o que já tentei. – A rapariga levantou-se irritada e saiu. Deixou-o sozinho. – Não é por cresceres, que a desilusão de deixares cair um gelado novo no chão diminui… Eu já caí tantas vezes que já devia estar habituado. Não? – Riu-se sem vontade. Como louco.
– Não. Nunca me vou habituar.
4 comentários:
desculpa..
sempre em cima! e tu igual!
é, sou idiota.. muito :c
e porque é que eu sou idiota? ;c
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