segunda-feira, abril 11

Sem Título.

- As pessoas morrem. Todos os dias. Mesmo assim, continua sem fazer sentido. Não achas? Ela não lhe respondeu, limitou-se a apertar-lhe a mão com força. Ele olhou para baixo e desenhou com o dedo, alguma coisa no chão. – Eu acho…
Silêncio simplesmente desconfortável.
- Deus existe? – A rapariga continuou sem lhe responder. – Tu sabes. Aquele Ser que ninguém vê ou toca.
- Não me perguntes isso, D. Ele mostrou-se confuso. Com tudo. E voltou a insistir.
- Supostamente, existe. Não é? Quer dizer…pelo menos, há quem passe a vida toda a acreditar…Eu acreditava… Existe? – Ela olhou para Ele e puxou-o para si. O rapaz deixou-se ir.
- Merda. - Ela voltou a puxá-lo para si, desta vez mais perto – Existe, não existe, é Ele que mata, é Ele que decide quem deve morrer? – A rapariga afagou-lhe o cabelo e Ele manteve-se sereno, nos braços dela. – Isto faz-me confusão.
- Eu sei. A mim também Ela suspirou.
- Em que é que é suposto eu acreditar?
- Não sei D. Simplesmente, não sei…
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- Achas que podes não morrer? – Era uma pergunta estúpida, o rapaz sabia mas mesmo assim, fazia com que Ele se sentisse melhor.
A rapariga beijou-o e sorriu-lhe:
- Acho que posso tentar.
- Obrigado.

“E como não tinha espaço, nem cidade, nem batalhas, vivia em guerra consigo mesma”
Manuel Alegre em “Alma”

3 comentários:

Soraia disse...

Adorei tudo!
Já não estás de castigo querida?

Soraia disse...

:(
Quando saíres de casa deixas de estar :)

cherry blossom disse...

que bonito !